O dia em que morri.
Ouço vozes que me chamam de alguma forma muda: sem lábios, sons ou motivos. Com a cabeça cheia, pés pesados e ideais caídas, tento por segundos apanhá-las, mas algo me acerta na cabeça e durmo. Quando acordo me deparo com um corpo estendido no chão, junto a mim. Um corpo tão estranho ao meu convívio e tão familiar ao mesmo tempo. O sol já havia se posto do lado oposto da minha vida, e o sangue estendido no chão anunciava algo que eu não poderia prever. As ideias espalhadas no escarlate pintavam de morte aquilo que um dia existiu e então, percebi, aquele corpo estendido no chão era eu, sem mim. Não é algo que se possa lutar, acontece. E acontece de uma forma tão imprevisível, que mal há tempo de desejar que tudo fique bem e se bem, desejar que não piore, e se piorar, que melhore e se não melhorar, que acabe logo aquela dor. O único tempo de verdade que se tem é o último fio de pensamento que ainda resta dentro de nós, o que seria: VIDA.
Comentários
Nossa, isso me fez refletir muito, amei, flor. parabens.
Beijos