Pesava de tempos em tempos meu coração e distribuía dia-após-dia pequenos grãos de sofrimento na minha alma. Tentava enganar-me, dizendo que não amava ninguém. Mas, no fundo, bem lá no fundo, eu compreendia que amava demais... Demais para o meu próprio bem. Chega um momento em que realmente somos forçados a dar um "chega pra lá" em nós mesmos. A realidade acorda todos os nossos neurônios e a cabeça percorre a memória e a memória nos faz a cabeça. Para ser sincera, acho até mesmo que perdemos a cabeça, literalmente. É uma conspiração corporal e quando menos percebermos seremos reféns da vontade, nossa vontade.
Superação.
Eu fico a imaginar aqueles dias, momentos insanos de um descontentamento constante, onde a saudade era a única palavra do dicionário, qualquer tempo nunca era o suficiente para ouvir a tua voz. Ainda lembro. Lembro sim! Não tem como apagar da memória as vezes em que o coração falou mais alto, em que as inaptidões da junventude me levaram cedo demais a desabrochar o coração. Mas determinadas coisas são importantes demais para se deixar para a próxima oportunidade. Um coração quebrado ensina para a vida, você sente nos pés a inquietude da solidão. É chegado o momento de finalmente se reencontrar, conhecer os seus reais anseios, os segredos por trás das insatisfações, compreender a direção dos pensamentos, as possibilidades do desejo. É o momento de se reinventar, criar o seu próprio caminho, enxergar as suas limitações, vencer os medos.

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